Brenda Azevedo
Andre Stangl, 51 anos, é professor e pesquisador. Com pai alemão e mãe brasileira, nasceu em São Paulo, cresceu na Bahia e atualmente vive em Ouro Preto. É formado em Filosofia (UFBA), mestre em Comunicação/Cibercultura (FACOM/UFBA) e doutor em Comunicação Digital (ECA/USP). Andre compartilhou conosco sua trajetória acadêmica, sua visão sobre a educação midiática e digital, os limites e potenciais dela e também sobre os impactos das tecnologias em nosso cotidiano. Além disso, dividiu suas experiências pessoais sobre viver durante a transição mundial de um mundo tecnológico e como conseguiu se equilibrar em meio a tudo isso.
O que é a educação midiática para você?
A educação midiática entrou no meu radar a partir de um projeto do Instituto Palavra Aberta, o Educamídia. Então, eu comecei a acompanhar essa discussão. Eles fizeram um curso online, por conta da pandemia, para formar multiplicadores de educação midiática. Eu fiz esse curso, depois eu refiz o curso, dessa vez como monitor, porque são muitos alunos do Brasil inteiro. Então, eles precisavam de ajuda na segunda edição online. O tema da educação midiática me interessa muito, combinado com aspectos da educação digital. Isso por conta das minhas pesquisas, da minha trajetória em pesquisas sobre cultura digital.
Qual a diferença? A educação midiática tem o foco principal na forma como as pessoas consomem informação. Eu diria que, o grande elemento motivador no mundo contemporâneo da educação midiática é tentar entender como diminuir os impactos negativos das fake news. Esse seria, talvez, o elemento central da educação midiática: uma educação que estaria, de alguma forma, ajudando pessoas – não só os mais jovens, mas pessoas de um modo geral – a lidarem de uma forma mais crítica com a informação que é distribuída no dia a dia, nos grupos de Whatsapp, nas redes sociais.
No meu caso, combino a educação midiática com aspectos que eu sempre trabalhei na minha trajetória, que é a educação digital, usar essas ferramentas de uma forma criativa, produzir coisas com as ferramentas digitais, produzir sites, produzir vídeos, remix… Até criei um projeto educacional, a Oficina de Linguagens Digitais, com o objetivo de oferecer cursos e disponibilizar informações sobre o tema. A cultura digital é uma coisa que envolve muitos outros aspectos da cultura contemporânea. A gente lê, a gente vê vídeos, a gente interage, tem a parte dos games, tem a parte econômica, tem a parte do comportamento. A educação digital não é o foco central da educação midiática, mas acho que as duas se complementam.

Como começou seu interesse nessa área?
Aqui, eu vou falar de cibercultura. Eu sou um dinossauro dessa área, eu fazia curso de Filosofia e era até um pouco tecnofóbico. Não era muito a minha praia a tecnologia. Naquela época, eu era mais ligado à música e foi justamente quando começou – ali em 1995 – uma explosão de computadores pessoais no Brasil e a internet, depois de alguns anos. Então, eu vi isso tudo nascendo, tomando conta, na minha juventude, eu estava no meio da faculdade. Meu primeiro e-mail era um e-mail oficial da UFBA (Universidade Federal da Bahia). Foi um deslumbramento… De repente, você estava em sua casa, abria um computador, esperava um tempo até conseguir discar, conectar e pronto. Aí, você tinha acesso a informações do mundo inteiro.
Na Filosofia, a gente, em geral, estudava a história de filósofos, de alguns conceitos centrais. Quando terminei o curso de Filosofia, eu já conhecia sua professora e ela já fazia Comunicação. Eu me aproximei da Comunicação no mestrado e depois no doutorado, porque eu queria entender esse fenômeno da cultura digital. Meu mestrado foi sobre cultura digital, o doutorado também, então, o interesse veio porque eu presenciei essas questões e essas questões me intrigavam, como isso pode mudar a forma como a gente vive, pensa, cria.
O que te levou a trabalhar com educação midiática? E como é?
Esse ano (2022), eu comecei a dar aula no CEOP (Centro Educacional Ouro Preto), para o Fundamental II, para um pessoal que está com 11 a 15 anos. São 60 alunos, mais ou menos. Ou seja, ainda estão iniciando o contato com o mundo digital. E de uma forma intensa, principalmente com a rede Tik Tok.
Nessa escola, eu estou fazendo um projeto experimental de educação midiática e digital. Desde o começo do ano, eu tô fazendo com eles uma revista digital (Revista Fala CEOP). Nela, os próprios alunos definem as pautas, os temas, os textos. Não tenho muita preocupação com aspectos formais da escrita. O importante é que eles tentem se expressar. A gente tem um mural colaborativo na internet (Padlet), em que definimos as pautas. A gente organiza os temas e as pautas da forma mais simples possível, sempre buscando a participação ativa deles no processo de produção dos conteúdos da revista. Por exemplo, já tivemos uma edição só com entrevistas. Na edição passada, a ideia era que fossem lugares de Ouro Preto, então cada um tinha que propor um lugar, fazer uma resenha, uma avaliação… Primeiro, eles colocam as propostas no mural e, aí, a gente vai ajustando, discutindo a pertinência: “Isso dá para você fazer? O que você vai fazer? Você vai querer fazer um vídeo, um texto, uma entrevista?”. Quando eles terminam de fazer, mandam para mim por e-mail (poesia, desenhos, textos, fotos, podcasts) e eu publico lá no site da revista.
Em geral existe pouco espaço para a criatividade nas escolas. Eles não estão acostumados a se expressar, estão habituados a, principalmente, reproduzir o conteúdo, fazer prova avaliativa, aquela coisa de decorar a capital de não sei onde, etc. E, muitas vezes, ficam absolutamente perdidos na hora de decidir o tema. Daí, quando olham no mural as propostas dos colegas, um vai vendo o trabalho do outro e aí começam a surgir ideias. Por isso é um processo colaborativo, porque juntos eles conseguem pensar melhor.

O professor Andre Stangl em um momento de aula, no CEOP, em Ouro Preto, produzindo uma revista digital com alunos do Ensino Fundamental. Foto: estudante Sofia Valadares
Como você desenvolve a relação entre a educação e a tecnologia?
Além desses projetos, eu dou aula de Filosofia. O primeiro convite da escola foi para que eu desse aula de Filosofia e eu comecei a montar com eles também uma experiência onde o digital tem um papel muito importante. Tem um site (Filosofia Navegante) onde são postados todos os conteúdos que vão ser debatidos com os alunos em sala. Depois eles escrevem suas reflexões sobre os temas em documentos digitais do Google. São como diários de navegação, um tipo de portfólio privado e compartilhado apenas comigo. À medida que eles vão escrevendo, eu vou comentando. São temas como: “O que é a beleza? Será que existe um padrão para beleza? Como era na Idade Média? Na Renascença?”. Daí, eles vão, anotam e a gente vai conversando. Então, é uma experiência prática de como usar o digital para trabalhar uma disciplina que, normalmente, é muito mais focada em textos, em ler livros.
Eu acho que o importante é entender que o digital não precisa ser uma disciplina isolada, ele vai atravessar todas as experiências do aluno na escola, como atravessa na nossa vida, no dia a dia. Então, você vai poder usar aplicativos na aula de Geografia, na aula de Matemática, na de Português. Tudo, de uma certa forma, está sendo impactado e, o tempo inteiro, vão surgindo novas possibilidades, como, por exemplo, a inteligência artificial, ferramentas novas e tudo mais.
O que suas outras formações agregam nessa área? E quais as relações entre elas?
Em geral, a pessoa que trabalha com tecnologia tem uma visão instrumental da ferramenta. O que significa isso? Significa que, em geral, se pensa que a tecnologia está ali apenas de uma forma passiva, para ser um instrumento, para ser usada.
A Filosofia me levou a ter uma outra leitura mais complexa sobre isso, ou seja, de que nós usamos a tecnologia e somos usados pela tecnologia também. Nesse sentido, a gente tem que encontrar um equilíbrio nessa relação. Por exemplo, as redes sociais… Quando apareceram, eu estava no mestrado, surgiu o Orkut. Eu sou do tempo em que o Orkut era sinônimo de internet. As pessoas não falavam: “Vou entrar na internet”. Elas falavam: “Vou entrar no Orkut”. Parecia que a única coisa que tinha era o Orkut. Depois, o Twitter e Facebook começaram a crescer. A relação que a gente tem com essas redes sociais precisa ser mais cuidadosa. É muito emocional a nossa forma de perceber as coisas, os nossos relacionamentos, tudo está sendo afetado por essa questão das redes sociais. Se a gente não tiver uma atenção, um cuidado ao usar, a gente passa a ser usado por essas redes sociais.
Então, é uma questão muito delicada, ainda mais hoje em dia, em que as nossas interações sociais são mediadas por algoritmos que tentam ao máximo capturar a nossa atenção. Eu mesmo dei uma reduzida no uso das redes sociais. Já fui um usuário intenso de redes sociais, mas não me fazia bem. Daí, fiz um teste de ficar um mês sem usar e agora já são quatro anos de uso esporádico, com poucas postagens e sem ler timelines, vivendo outras realidades, como livros, séries e conversas face a face.
Eu acho que o importante é entender que o digital não precisa ser uma disciplina isolada, ele vai atravessar todas as experiências do aluno na escola, como atravessa na nossa vida, no dia a dia. – Andre Stangl
Qual a relação da educação midiática com a cibercultura?
Então, o mundo hoje é envolvido pela tecnologia. Quando eu comecei a pesquisar essas questões, era uma coisa muito específica. Quando você ia falar sobre cultura digital ou cibercultura, você estava falando de uma coisa que não fazia parte do cotidiano da maioria. Era uma coisa de hackers, de nerds. Se você falasse, nos anos 90, que a sua mãe ia estar enviando vídeos feitos por ela, através do telefone, para os parentes, ninguém acreditaria.
O mundo de hoje é digital, é tecnológico. Mesmo o desconectado, aquele que está fora do mundo digital, de alguma forma, pode ser afetado pelo ambiente digital. Existem mais celulares no Brasil hoje do que habitantes. Em média, às vezes, as pessoas têm dois celulares na mão. Um que foi ficando para trás, aí, passa para o sobrinho. Então, falar de cibercultura hoje é o mesmo que falar da cultura de hoje, falar da cultura que está atravessando todo o mundo.
A educação não tem como lidar com o mundo de hoje sem entender a influência dessas tecnologias no dia a dia. A educação estaria mentindo, estaria falando de um mundo que não existe mais. Estamos em um mundo onde os estudantes não precisam memorizar as coisas, eles dão um Google. Eu gosto muito de um autor, Yuval Harari, que escreveu Sapiens. Em seu último livro – 21 lições para o século XXI – ele fala sobre essa transformação que a gente está vivendo no mundo hoje, a quantidade de profissões que vão ser impactadas pelas inteligências artificiais é absurda. É uma coisa que a gente não tem noção ainda, a quantidade de coisas que a inteligência artificial pode fazer.
Você se via formado nessas áreas?
Já fui muito crítico em relação à formação convencional. Eu diria o seguinte, no Brasil a gente tem grandes dificuldades para entrar no mercado de trabalho. Quando você tem algum tipo de formação, fica um pouco mais fácil. Entretanto, é uma fantasia acreditar que, a partir do momento que você tem um diploma de nível superior, seus problemas acabaram. Não é tão simples assim, não há garantia.
Eu diria que o elemento central é ter a possibilidade de se readaptar, mudar de percurso, isso é uma coisa muito importante. No tempo em que eu morava em São Paulo, eu me sentia naqueles desenhos animados em que o personagem está numa plaquinha de gelo. Aí, começa a derreter e você tem que pular de uma plaquinha de gelo para outra e assim você vai vivendo, pulando de uma atividade para a outra. É um pouco estressante, mas você tem que ter essa abertura para tentar conseguir lidar com esse processo.
Eu acho que o mundo está exigindo esse tipo de flexibilidade das pessoas, resiliência, que é uma palavra também muito usada. Aquela coisa de escolher uma carreira, parar naquilo ali, seguir em frente só naquela função está muito mais difícil. Está muito mais raro e, ao mesmo tempo, é insatisfatório para as novas gerações, por não conseguir se reconhecer fazendo a mesma coisa o tempo inteiro. Entender que você pode transitar um pouquinho nessa área, voltar para essa aqui, enjoou e ir diversificando, é uma possibilidade interessante.
Com as tecnologias, inclusive, eu vi essas possibilidades se multiplicam. O remoto, por exemplo. Conheço gente que trabalha à distância, design, revisão, produção de conteúdo, consultoria, programação, psicólogo. Tem muitos caminhos, nesse sentido. Dá um pouco de medo, mas ao mesmo tempo é bacana ver que as possibilidades são tantas. Eu sou um exemplo disso, eu me identifico muito com essa situação, não consigo viver fazendo sempre a mesma coisa, inquieto. Acabo migrando um pouquinho de uma coisa para outra, é um processo que tem prós e contras.
Quais são os malefícios de ter a tecnologia tão presente na nossa vida, ainda mais quando criança e/ou adolescente?
Então, eu acho um grande desafio lidar com os aspectos negativos das tecnologias. Por exemplo, eu combinei com meus alunos que, em nossos encontros, não é necessário guardar ou esconder o celular. Eles são muitos novos e estão mais habituados a serem repreendidos: “Se eu ver o celular, eu vou pegar, não pode, vou tirar ponto, etc”. Comigo eles podem usar o celular e há momentos em que isso funciona de uma forma bacana. Já observei que tem alunos que, apesar de estarem olhando os celulares, conseguem conciliar e prestam atenção ao que está sendo discutido em em sala. Da mesma forma que os alunos maiores, é uma forma de economia da atenção.
Vocês, na UFOP, fazem isso na aula hoje em dia. Podem buscar no Google alguma coisa para complementar o que o professor está dizendo. Ou, se a aula estiver chata, podem se distrair um pouco, tomar um “ar” e depois voltar a prestar a atenção. Seja como for, eu acho que, apesar do desafio, os alunos têm que ter essa experiência, não deve ser proibido pegar no celular, não. Temos que aprender a usar o celular combinado com outras atividades. Vai ser assim fora da escola, no trabalho, na reunião de amigos, etc. Se a gente está tendo uma conversa interessante, sabemos dosar nosso impulso de checar a telinha, tem que ter essa escolha e a escolha é nossa. Então, o que está acontecendo às vezes é isso, precisamos negociar e entender.
Eu converso com eles: “Essa experiência que você está tendo aqui, é de responsabilidade, de liberdade responsável. Vocês têm que usar a liberdade com responsabilidade”. Se passa de um determinado limite e começa a interferir na atenção dos colegas, precisamos parar e refletir sobre esse uso do celular. Às vezes, eles não conseguem resistir, acabam se desconcentrando e não conseguem se desconectar. Mas como é que a gente vai aprender a lidar com isso? É um desafio aprender a dosar, usar com limite, usar de uma forma mais responsável, abrir espaço para outras coisas no cotidiano da gente, seja um livro, uma caminhada, ouvir uma música, pintar, diversificar a experiência. Eu sou pai e vivo esse dilema o tempo inteiro. Minha filha tem 10 anos e, lá em casa, a gente se habituou a definir um tempo máximo de tela por dia. Assim, ela tem que equilibrar o uso, ela pode usar computador, celular, no máximo, 4h por dia, e depois ela tem que desconectar.
Tem um filósofo que eu gosto muito, que é o Michel Serres. Ele tem um livro chamado “A Polegarzinha”, onde ele faz uma analogia curiosa. Houve um momento, que a gente andava se apoiando nos braços, nossos antepassados, né? Ainda naquela fronteira de homo sapiens. A gente tinha uma coisa muito próxima com os macacos e a boca tinha um papel um pouco diferente nessa época. A boca era usada para transportar coisas, porque as mãos estavam ocupadas. Em determinado momento, começamos a andar em pé e as mãos ficaram soltas. E é por isso, porque não precisava mais ser usada para transportar coisas, talvez por isso a gente tenha começado a falar. Serres faz essa analogia para mostrar que a gente está passando por uma transformação, segundo ele, tão grande quanto essa. Tem coisas da nossa vida de antes dessas tecnologias que vão desaparecer e vão surgir outras. É difícil definir ainda, porque a gente está na transição, não sabemos se isso é bom ou é mau. Vamos ter que entender que essa mudança é um processo radical.
O desafio é entender o que significa essa mudança, mas pode ser um papel muito menor da escrita ou uma transformação da atenção. Minha pesquisa de doutorado foi sobre isso, tentar entender o papel da atenção no mundo de hoje e foi aí que eu descobri a meditação. Para mim, isso foi fundamental para poder me reequilibrar com essas tecnologias. Encontrar uma forma de lidar com a atenção sem aprisioná-la, é muito interessante. Tem uma técnica que se chama Mindfulness, que é uma meditação sem os aspectos religiosos, como um exercício com o “músculo” da mente. Quanto mais você medita, mais forte fica sua atenção. Você pode começar fazendo meio minuto por dia, depois um minuto e vai subindo. Hoje em dia, eu consigo fazer 30 minutos. Não precisa fazer todo dia, eu faço de vez em quando, mas é muito interessante.
Quais são os benefícios das tecnologias?
Eu acho que as tecnologias têm muitas potencialidades. E uma possibilidade que tem sido pouco usada é a colaboração. Eu sempre cito o exemplo da Wikipédia como um caso impressionante. Nós estamos muitas vezes esquecendo desse potencial colaborativo, a gente tem potencial de colaborar em várias áreas, inclusive no conhecimento. E, às vezes, a gente subestima esse potencial por conta de uma visão centrada na ideia da competição como uma coisa mais importante. Até acho que pode ter uma dose de competição, mas não podemos esquecer que a colaboração foi muito mais poderosa que a competição na história das civilizações. Isso está no livro do Yuval (Sapiens). É uma coisa muito bacana que ele fala, a gente precisa de narrativas agregadoras para poder colaborar e compartilhar um sentido comum. E daí a gente consegue fazer coisas impressionantes. A forma como nós lidamos com a pandemia é um exemplo de colaboração. Tivemos problemas, mas aceitamos ficar em casa e usar máscara, se vacinar, isso no mundo inteiro. É um grande exemplo de colaboração.
Quais são seus planos para o futuro?
Pois é… Uma coisa que a experiência com a meditação me trouxe foi pensar menos no futuro e pensar mais no agora. Então, eu não diria a você que eu tenho grandes expectativas e grandes planos. Tenho evitado fazer isso. Algum horizonte a gente tem que desenhar, porque a gente está seguindo. Mas o caminho da gente não precisa ser uma coisa tão fixa. É mais ou menos como aquilo que a gente faz com os aplicativos de GPS: tem ali um lugar que a gente quer chegar, mas a forma como a gente vai chegar lá, no caminho, pode sofrer mudanças, recalculando rotas…